Guarda do Domingo


Édito de Constantino

 
 

O chamado Édito de Constantino foi uma legislação do imperador romano Constantino I, proclamada em 7 de março de 321. O seu texto reza:

"Que todos os juízes, e todos os habitantes da Cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu." (in: Codex Justinianus, lib. 13, it. 12, par. 2.)

Impacto em Roma

O decreto apoiou à adoração do Deus-Sol (Sol Invictus) no Império Romano. As religiões dominantes nas regiões do império eram pagãs, e em Roma, era notável o Mitraísmo, especificamente o culto do Sol Invictus. Os adeptos do Mitraísmo se reuniam no domingo. Os judeus, que guardavam o sábado estavam sendo perseguidos sistematicamente neste momento, por causa das Guerras judaico-romanas e, por essa razão o édito de Constantino, é considerado muitas vezes anti-semita.

Embora alguns cristãos usaram o decreto de apoio à guarda do domingo, para tentar solucionar a polêmica[1] de guardar o sábado ou o domingo na Igreja Cristã, na realidade, o decreto não se aplica aos cristãos ou judeus. Por uma questão estreitamente relacionada, Eusébio afirma que: "Por sorte não temos nada em comum com a multidão de detestáveis judeus, por que recebemos de nosso Salvador, uma dia de guarda diferente."[2] Embora isso não indique uma mudança do dia de guarda no cristianismo, pois na prática o édito não favorece um dia diferente para o descanso religioso, inclusive o sábado judaico. Este édito fazia parte do direito civil romano e em sua religião pagã, e não era um decreto da Igreja Cristã ou se estendia as religiões abraâmicas. Somente em 325 no Primeiro Concílio de Nicéia o domingo seria confirmado como dia de descanso cristão, e a guarda do sábado abolida no Concílio de Laodicéia.

O Concílio de Laodiceia proibiu os cristãos de observar o Shabbat e de receber prendas de judeus ou mesmo de comer pão ázimo nos festejos judaicos.

Cânon XX - Nos dias do Senhor (refere-se aos domingos) e de Pentecostes, todos devem rezar de pé e não ajoelhados.

O Concílio de Laodicéia ou Sínodo de Laodicéia[1] foi um sínodo regional de aproximadamente trinta clérigos da Ásia Menor. Reuniu-se na Laodicéia, Frígia Pacatiana, aproximadamente em 363-364. Suas decisões entraram em uso primeiramente na Síria, mais tarde em Constantinopla e no Ocidente graças ao Papa Leão IV, sendo adicionado no Corpus Juris Canonici.[1]

Principais cânones

As principais decisões e preocupações do concílio envolveram efetivamente o comportamento dos membros da igreja. O concílio registrou seus cânones por meio de regras escritas, cujos principais manuscritos sobreviveram até a atualidade ou foram citados por outros sínodos e concílios. Entre os sessenta cânones decretados, os objetivos principais eram:

  • Manter a ordem entre os bispos, clérigos e leigos (cânones 3-5, 11-13, 21-27, 40-44, 56-57)[1]
  • Cumprimento de comportamento modesto de clérigos e leigos (4, 27, 30, 36, 53-55))[1]
  • Abordagem regular dos hereges (cânones 6-10, 31-34, 37), judeus (cânones 16, 37-38) e pagãos (cânon 39)[1]
  • Reconfirmava a guarda do domingo e a  (cânon 29)  anamatizava o sábado[1]
  • Esboça algumas práticas litúrgicas (cânones 14-20, 21-23, 25, 28, 58-59)[1]
  • Discute as restrições durante a Quaresma (cânones 45, 49-52)[1]
  • Admissão e instrução de catecúmenos e neófitos (cânones 45-48)[1]
  • Especifica o Cânon bíblico (cânones 59)[1], a autenticidade do cânon 60 é questionável.[2]

Cânon bíblico

O cânone 59 restringiu as leituras nos templos somente aos livros canônicos do Velho e Novo Testamentos. O cânone 60 lista estes livros, porém sua autenticidade é questionada por diversos estudiosos e alguns sugerem que foi uma adição posterior.[2] Este cânon decreta que o Novo Testamento conteria 26 livros, omitindo o Livro do Apocalipse, e o Antigo Testamento, incluiria os 22 livros da Bíblia Hebraica, acrescido o Livro de Baruch e o Livro de Jeremias.

 

Guarda do domingo é tambem adoração ao sol

 

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